Prevenção combinada é o melhor caminho contra o HIV

O vírus HIV, causador da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), está entre os mais temidos do mundo. O combate a essa doença passa diretamente por uma ação preventiva por parte das pessoas. Uma grande parcela do impacto da AIDS ao redor do mundo decorre justamente da negligência na prevenção. O uso do preservativo é recomendado e muito eficaz, mas a prevenção combinada tem um efeito muito mais decisivo.

O post de hoje esclarece o conceito de prevenção combinada e mostra como ela pode contribuir para que cada vez menos pessoas contraiam o vírus HIV. Embora tratável, a AIDS ainda é uma doença incurável. Esse fator torna ainda mais importante um comportamento mais responsável de cada um. É também por isso que autoridades de todo o mundo se esforçam na divulgação de técnicas de prevenção.

HIV ou AIDS? Uma dúvida recorrente

Por ser uma doença amplamente difundida e abordada nos meios de comunicação, a AIDS gera dúvidas nas pessoas. Uma delas é a confusão entre AIDS e HIV, que alguns acabam entendendo erroneamente como sinônimos.

HIV é o vírus que causa a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Pessoas que têm o vírus em seu corpo não necessariamente desenvolvem a doença ao longo da vida. O vírus HIV ataca as células responsáveis pela defesa do organismo, os linfócitos. Já a AIDS é o quadro clínico decorrente da ação do vírus, quando a destruição de linfócitos compromete seriamente o sistema imunológico.

Preservativo: fundamental, mas insuficiente

O uso do preservativo – conhecido também como camisinha – é o método de prevenção mais usual contra o HIV. Sua eficácia é comprovada, por isso essa estratégia segue encorajada por entidades da área de saúde. O preservativo protege não apenas contra o vírus HIV, mas também contra várias doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

A grande importância do preservativo no combate à AIDS pode criar a ilusão de que ele dá total garantia contra a doença. De fato, a camisinha ajuda bastante, mas há formas alternativas de se prevenir contra o vírus. A soma desses métodos resulta na prevenção combinada.

O que é prevenção combinada?

Como o próprio nome sugere, prevenção combinada é um conjunto de medidas que fortalecem a proteção contra a AIDS. Essa combinação pode ser feita de forma simultânea ou sequencial. A escolha varia de acordo com as características e fase da vida de cada pessoa.

O Ministério da Saúde define a prevenção combinada como uma estratégia de prevenção que faz uso combinado de intervenções biomédicas, comportamentais e estruturais aplicadas no nível dos indivíduos, de suas relações e dos grupos sociais a que pertencem, mediante ações que levem em consideração suas necessidades e especificidades e as formas de transmissão do vírus.

É importante pontuar que a prevenção combinada tem uma atuação em três pilares. As diferentes intervenções (biomédicas, comportamentais e estruturais) contribuem para enriquecer a estratégia preventiva. Entenda a seguir como funciona cada pilar.

Intervenções biomédicas

São consideradas intervenções biomédicas as iniciativas focadas em reduzir a exposição ao vírus. Um exemplo que se enquadra nessa categoria é o uso de preservativo. A abordagem biomédica se concentra em impedir a transmissão do vírus para pessoas que não estão contaminadas.

Essa abordagem se baseia em situações conhecidas, e consolidadas cientificamente, de risco de infecção. Relações sexuais desprotegidas e demais contatos com material biológico contaminado pelo HIV, por exemplo.

Há uma distinção fundamental nas intervenções biomédicas: Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e Profilaxia Pós-Exposição (PEP). As duas estratégias se diferenciam pelo momento em que a medida preventiva é adotada. Outro aspecto que muda é o tempo de uso da medicação: PrEP tem uso contínuo, e PEP é prescrito por 28 dias. A Profilaxia Pós-Exposição pode ser oportuna em casos em que a camisinha estoura durante o ato sexual – o que tira sua eficiência.

Intervenções comportamentais

As intervenções comportamentais trazem uma abordagem mais focada no psicológico das pessoas. O objetivo é mudar algumas atitudes para reduzir a exposição a situações de risco. Nesse trabalho de conscientização, é determinante trazer novas percepções a respeito da mensuração dos riscos.

Quando se fala em risco na área de saúde pública, tecnicamente refere-se a probabilidade. Os fatores de risco são aqueles que elevam a probabilidade de incidência de determinada doença. Porém, no combate à AIDS, o conceito de vulnerabilidades é considerado mais moderno do que fatores de risco.

Uma intervenção comportamental se apoia em grande medida na ideia de vulnerabilidades, divididas em três planos: individual, social e programática:

  • Vulnerabilidade individual: Relaciona-se às informações que as pessoas têm sobre a AIDS e à capacidade de incorporar novos conceitos com foco em prevenção.
  • Vulnerabilidade social: remete a aspectos culturais, políticos e morais relacionados à vida em sociedade.
  • Vulnerabilidade programática: é baseada na qualidade de respostas institucionais ao vírus HIV em uma sociedade, a partir de aspectos como investimentos governamentais específicos.

Intervenções estruturais

O pilar estrutural tem uma dimensão mais ampla e direcionada a grandes grupos de pessoas. Intervenções desse tipo alteram causas ou estruturas-chave que influenciam diretamente os riscos e as vulnerabilidades relacionadas ao HIV.

Algumas características sociais podem potencializar vulnerabilidades em determinados segmentos. O papel das intervenções estruturais é minimizar esse impacto. Nesse sentido, uma abordagem local se faz necessária porque, num país continental como o Brasil, há centenas de realidades diferentes.

Intervenções estruturais – em muitos casos – ajudam na superação de preconceitos, discriminações e intolerância contra certos grupos. Essa ação de cunho social procura garantir direitos e dignidade a todos. Veja abaixo alguns exemplos de situações que podem resultar em uma intervenção estrutural:

  • Preconceito de classe social;
  • Preconceito religioso;
  • Machismo
  • Racismo;
  • Homofobia.

Quais métodos podem ser combinados?

Além do preservativo, há vários métodos que contribuem ao combate do vírus HIV. Confira abaixo uma lista com diferentes métodos que podem compor uma prevenção combinada:

  • Testagem regular para o HIV, que pode ser feita gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS);
  • Prevenção da transmissão vertical (quando o vírus é transmitido para o bebê durante a gravidez);
  • Tratamento de infecções sexualmente transmissíveis e das hepatites virais;
  • Imunização para as hepatites A e B;
  • Programas de redução de danos para os usuários de álcool e outras substâncias;
  • Profilaxia pré-exposição (PrEP);
  • Profilaxia pós-exposição (PEP);
  • Tratamento de pessoas que já vivem com HIV.

HIV no Brasil: panorama atual

Atualmente, estima-se que mais de 800 mil pessoas vivam com HIV no Brasil. A cada ano, a média de novos casos fica na casa dos 40 mil, o que indica um avanço significativo. Os números elevados preocupam e justificam o esforço governamental na conscientização da população.

Alguns grupos sociais têm se mostrado mais vulneráveis ao vírus HIV. Nos últimos 10 anos, houve um crescimento destacado da contaminação em homens de 15 a 29 anos. Grande parte desse grupo é composta por jovens homossexuais.

A estratégia do governo tem sido focada em divulgar, majoritariamente, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). A ideia é incentivar os grupos mais vulneráveis a adotarem uma mentalidade de maior cuidado em relação ao vírus HIV.

Como se nota pelos números, a realidade do combate à AIDS no Brasil está longe do ideal. Esse panorama torna ainda mais decisiva uma política focada na prevenção combinada, que pode reduzir drasticamente o número de novos casos em médio e longo prazos. Uma boa alimentação é também uma forma de proteger o corpo de diferentes doenças. Conheça os 10 vegetais indispensáveis em seu dia a dia.

 

Fontes: Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde




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